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domingo, 16 de novembro de 2014

Discurso da ternura

Eu sonhei com pétalas reveladas em puro sangue vivo
Eu vi o desespero das asas sem o vento
As cores mórbidas da saudade dolorida
A face inversa da colônia de disfarces
Folhas sinuosas, paralisadas e retrógradas
Sonhei com a vida desprezada pelo vão
A corrente do mal lavar o contínuo
Eu vi a cálida alternativa bradar no escuro
O gosto do segredo morto e da infelicidade do jato-eminente-cortante
A perseguição do caro possível de eliminar
A via esquecida e enferrujada esperança
O bom estopim controlado da garganta intumescida
A queda do oposto ser mais um descontrolado da questão
A porta aberta do farto nada ter a ver
Sonhei com o lacrimejamento de outubro e o março despedaçado pelo fim da misericórdia
As luvas sairão da opção de desnudar-se das feridas
Tenha-me por fraco ou desnaturalizado, mas eu sonhei e eu vi a sua vida despertar
Dê-me os meus concertos que eu vou me acabar

Ana Maria Vieira


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