Powered By Blogger

domingo, 18 de outubro de 2015

Infeliz

Seguem os risos e a rua está cheia de gente
Meu corpo segue em pressa ao desafio de viver
A falta é uma faca, cortante, incessante e intensa
Dor e dor e mais remédios, mas nada cura o meu desejo

Teu rosto se impõe nos meus sonhos me traga, me traz
Teu corpo é uma onda do mar, uma ilha deserta
A falta sangra nos meus poros, pesada, insana e infeliz
Pronto a fugir como as águas assim estou, quero escapar!

Te odeio toda vez que olho e te vejo perto
Te amo e por um minuto creio na verdade dos teus lábios
Amanhã, talvez eu consiga dizer, mas é melhor silenciar
O que mais direi, a não ser me retirar devagar...

Sem alardes, sem barulho só no mais puro silêncio
O que ainda é meu no teu mundo? Nada, nada mais que palavras vãs
Eu vou seguindo... Tantas ruas, tantas coisas eu vou tentar

Tenho que ir e mais uma vez não vou te levar
Não poderei dizer do meu coração, fronteiras construiste entre nós
Por um momento meu desejo é que você fosse desconhecido, mais um que passa
Infelizmente não é, não posso apagar, infelizmente infeliz...

Ana Maria Vieira


Cinzas

Os dias se passam apressados, famintos
Corro os dedos sobre luzes escondidas
Nada, não há nada além dos cortes profundos
As muitas águas tentam me afogar, mas ainda posso respirar
Eu mal posso ver a estrada, tudo parece que já morreu

Tantas cores eu tento pintar de cada escultura que um dia fiz
Junto as sobras do meu eu em tantos cacos
Procuro a vida, escondo até de mim a dor em fortes sorrisos
Às vezes eu não sei pra onde ir, me vejo em silêncio
Cultivo flores, mas elas não vingam porquê?

O corpo pede mais um descanso, a dor me persegue enquanto durmo
Procuro a paz, mas ela quase não me toca
Do sangue um clamor profundo, não consigo continuar
Mais uma vez amanhece, o ânimo se vai, respiro

Tomo o mesmo rumo, lembro-me que pessoas me esperam do outro lado da linha
Penso nos motivos de viver, fecho os olhos tento sentir a vida
Como é difícil, como é difícil, mas porque é tão difícil?
Um pouco de alívio, uma história, uma visão

Dentre tantos caminhos nunca foi tão estranho viver
Desaparecer, cair, desperdiçar, introspecção
Quero estar em mim, me reconectar comigo mesmo
Recomeçar...

Ana Maria Vieira