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sábado, 2 de maio de 2015

Cárcere

Todo som tem a cor do universo
O ouro mais lapidado quase perfeito
E o silêncio é o meu maior diamante
A dor vem do sangue, clama e como o fogo inflama

Meus olhos partem do sul ao norte
Há uma busca incessantemente forte
Eu desejo a felicidade e ela me escorre morro abaixo
Parece até que secaram-me a vida toda num segundo

Como achar a solução preso nas paredes do cárcere?
Uma perseguição, uma praga maldita e selada
Eu bebo o cálice da morte pouco a pouco
Vejo o sol que só esquenta a carne, o frio algoz congela as ações

O amor é apenas a ideologia de um sonho bom
Um anjo amigo que me ocupa o coração e faz dormir
O medo ronda o cárcere, me espalma o rosto e arranha as costas
Viver é um espetáculo, mas na prisão é um inferno controlado, uma ideia, uma dádiva

A vida desnuda me crava os dentes, mas eu ainda posso sonhar
Passarei nas sombras e verei a luz do dia
Pago, penso e minhas feridas profundas não me levarão ainda
Não nesta vida, sangrarei e me curarei e antes que me tomes vida, brilharei na terra

Ana Maria Vieira



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