Já troquei milhões de vezes a caneta pelo pensamento, o papel pelo sonho
Eu quis abandonar cada verso, esses meus versos abatidos, arrítmicos, acéfalos
Sem início, nem fim, mas não pense que a dor não é eterna, não pense
Nem adianta lembrar daquilo que não se vive, das luzes apagadas
E que valor teriam minhas incompreensíveis palavras e para quem as escrevo?
Ao ligar o rádio, milhões de canções me encantam, revelam meus pensamentos
Com meus passos pesados e um corpo leve, quase sem alma, atiro longe as pedras do asfalto
Isso nunca foi o que sonhei pra mim, esse riso sem graça, essa cor sem cor, sem nada
Invenções tantas e quantas para passar o tempo sem fim
Não há nada a fazer, olhar as paredes alvas até que branco seja o pensamento da noite
Nem vale a pena chorar, molhar o jardim, afogar as flores esquecidas, ressequidas
Tantas palavras em vão, estrelas não vistas, a vida passando, escapando mundo a fora
Minhas palavras sem sentido, nem motivo iminente, ou aparente de existir
Todas são iguais, meu peito aperta, meu gosto é um gosto, desgosto, agosto sem fim
Eu moro pra lá do horizonte inimaginável de uma consciência intranquila
Essas palavras que merecem ser esquecidas, ou quem sabe nem lidas, ou vividas
Ana Maria
Nenhum comentário:
Postar um comentário