Vou embora daqui, me demitir, me dispersar, cair fora, fugir
Bem em plena madrugada, luzes apagadas no perfeito silêncio
Farei um barulho tão grande quanto um rock metal, pra ver se acordo a vida, minha vida
Causarei um incêndio pra consumir os desejos, a fome, a falta
Vou desaparecer, apagar, evaporar, desligar, colocar o pé na estrada
Sozinho sem rostos, nem fontes, ou janelas que me prendam novamente nesta cela
Uma bagagem pequena numa imensidão de escolhas pra trazer, deixo quase tudo
Longe de casa, tantas milhas, semanas, amores que não existem, bobas idealizações
Vou desaguar, despencar, desmoronar, retirar todo meu exército dessa cidade, vou embora
Inventando caminhos, calçadas, roubando uma onda de cada praia deserta ou não
Viajando nas nuvens de um céu inexistente, azul ausente fora do arco-íris
Bem na hora de sair vou alcançar um novo lugar, tão longe que ninguém nunca viu alguém voltar
Vou deixar de existir, esquecer esse mundo, aqui não me encaixo, não me acho, vou abandonar-me
Eu vou embora daqui e não me peça pra voltar, cansei de perder, cansei de chorar, já nem sei viver
Minha esperança nem pode esperar, não há sentido, não há gosto, não há vida nessa vida
Longe vou, longe vou, sem olhar nem presente, futuro ou passado, longe vou, ninguém pode seguir meus passos
Ana Maria
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