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domingo, 19 de dezembro de 2010

Nada a sentir

Finalmente depois de tanto andar eu consegui chegar
Corri tanto o dia inteiro que eu alcancei
Pulei pedras, poços e os buracos do imenso caminho
Encontrei, sim eu encontrei o dia de não sentir nada

Nada, nada! Nem dor ou alegria, amor, satisfação
Nada, nada deste tipo, nem de outro tipo qualquer
Sentimentos bobos, ou sonhos sem sentido, nada
Nem vontade de buscar, ou quem sabe de usar

Sim, realmente eu encontrei esse dia, dia sem
Sem sentido algum, sem sucesso nem boa sorte
Um dia feio, meio escuro, mas nem chega a ser triste
Pois estar triste é condição de sentimento

Nada, nada! Nem paz ou a falta dela, saudade nem som
Silêncio do peito, insensibilidade geral, nada a mais
Nada, nada! Nem palavras, sorrisos ou lágrimas
Nem mentiras ou verdades, ou vontade de pensar

Será que caminhei tanto pra isso encontrar?
Em frente a mim tudo segue pra mais longe
Eu não encontro nada mais além de um dia sem sentir nada
Nada que me lembre, ou me faça logo esquecer

Nada, nada! Que me desperte ou faça dormir
A luz foi apagada e reacendida, mas a chama não queima
Não há nada a esperar, ninguém pra me dedicar
Dia mais um dia de não sentir nada, nada, nada a sentir

Ana Maria

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