Migalhas, não é o que preciso, não é o que quero ao sentar nesta mesa
Delicadamente, tu afastas a cadeira, mas vontade de assentar-me não tenho
Ninguém mais poderá me convencer que as migalhas me farão sobreviver
Sobreviver não é pra mim, assim um dia me dissestes, aos fracos caberia esta condição
Então, não me fale de migalhas, o jantar já foi servido, as horas voam, as sobras não me pertencem
Sobras são donas do lixo, não penso em migalhas, viver é bem mais que isso, não há espaço pra migalhas
Não preciso das mentiras que outrora espalhadas pelo ar, trazendo-me um punhado de migalhas bem repartidas
A sombra das sobras da lembrança, não fará meu rosto contrair-se num sorriso inesperado e contente
Farelos de um pão amargo e mal-dormido, não saciarão minha fome num café matinal exatamente às 6:00 da manhã
Talvez ainda esteja cedo demais pra reunir as migalhas, é apenas o que tem? Migalhas e migalhas e migalhas...
Não dá pra fechar os olhos e esperar que as migalhas possam mudar alguma coisa, eu não aceito migalhas
Eu quero apenas fazer a refeição completa, tenho direito de não repetir as migalhas mirradas da inexperiência do passado
Não, essas migalhas, não compreendem as sementes que podem, sim, germinar, migalhas fazem parte do final
Pra que, então deixar migalhas? Tome por completo a tua embarcação, faça a comida não gerar mais migalhas
Que saudade poderá caber dentro de uma migalha? Não, saudade é grande demais pra caber em tão pouco, em tão pouco
Um amor morno e suave, jamais conseguirá viver em meio a tantas migalhas perdidas, em meio a tantas perdidas migalhas assombradas pelo vento
Ana Maria
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