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domingo, 3 de outubro de 2010

Historiando ( Episódio de hoje: Lucas, Juliane e o fim)

O relógio bate exatamente 22:30, ele prepara-se para dormir. Antes, levanta-se e vai em direção a cozinha, é aí que ouve as primeiras batidas em sua porta. Por um momento, pensou em não atender, pois quem seria a uma horas dessas? Mas, logo voltou atrás pensando na possibilidade de ser alguém precisando de ajuda.
Dirige-se até a porta e ao abrí-la, assusta-se com a presença que contemplava a sua frente, ficou parado alguns segundos ali, olhando sem ter palavras a dizer.
Foi quando ela rompeu o silêncio e o susto e disse-lhe:
- Perdoe-me vir assim sem avisar, a essa hora e eu sabia que não devia vir aqui, sei de tantas impossibilidades, mas eu não sabia o que fazer, desculpe-me.
Ele ainda um tanto surpreso lhe diz com voz calma:
- Entra, eu acho que vai chover, está tarde não é bom ficarmos aqui fora.
- Ainda não entendi o que houve e o que faz aqui, a essa hora, confesso que estou surpreso, eu não esperava.
- Você não deveria estar em casa não é?
- Devia sim, eu devia fazer tantas coisas ou não fazer. Parece loucura e é loucura eu ter vindo aqui, sem saber se estaria acompanhado, se estaria, desculpe mais uma vez, mas creio que se te avisasse, não me permitiria vir.
- Então, diga-me o que faz aqui? O que aconteceu?
- Acho que nem preciso dizer, está tão claro e tu podes ver em meus olhos. Eu realmente não sabia o que fazer para controlar, precisava te ver... Eu sei de todas as impossibilidades, como eu já te disse antes.
- Juliane, você sabe que... A gente já falou sobre isso... Eu já te falei que não dá mais, estou compromissado agora... Não tínhamos combinado a não falar mais sobre isso e pensei que tivesse em outra, já superado e eu gostaria realmente que você estivesse iniciado um novo realcionamento. Achei que...
- Desculpe, mas eu nem te perguntei...
- Como é que você está?
- Eu to bem Ane. E você?
- Eu estou de acordo com o que a vida me proporciona, bem na medida do possível.
- Ane, já faz tanto tempo que eu não a via, você está diferente...
- Eu estou mais velha, querido.
- Não, não falo de idade, está mais bonita
- Obrigada, já eu acho que você continua o mesmo.
Ela então, sorriu um doce sorriso como sempre fez.
- Sabe Lucas, nada mudou até hoje, meus pensamentos são os mesmos, desde o dia não sei qual que me apaixonei por você e...
- Ane, eu nem sei o que dizer.
- É eu também não e além de não saber o que falar eu nem sei o que fazer, então...
- Diga-me lindo o que farei com tudo isso agora? Se tanto tempo depois nada mudou, como posso crer que amanhã mudará?
- Olha Ane, eu sinto muito não correspondê-la como merece, tenho muitas culpas nesse cartótio, sei das noites tristes e dos dias longos, mas sei também que um cara melhor que eu vai te ocupar este espaço que eu deixei... Basta você ter um poquinho mais de paciência, você vai encontrá-lo, tenho certeza. Eu quero teu bem.
- Não sei, não tenho tanta esperança mais, nem sei se ainda tenho esperanças, mas é assim.
- Acho que não poderei mais acreditar que um dia exista amor pra mim, não sei se ainda tenho essa capacidade...
- Tem sim só está confusa é fase, passa. Quando conhecer pessoas novas vai ver que era só uma fase. Eu não sou o mais indicado pra ti dizer isso, uma vez que causei a tua descrença, espero eu que seja momentânea, espero que me perdoe, mas também espero que viva...
Desta vez ela colocou-se em silêncio e sentia tudo descontrolar-se, queria matar aquilo que dentro dela a sufocava e a sua mente embaralhava, perturbava-se, o chão faltava-lhe...
- Ane, sei que nada que eu disser vai mudar nada aí dentro, mas eu sinceramente espero vê-la bem e ver-me não te faz bem é visível na tua fisionomia, acho que vir aqui não foi uma boa ideia.
- Você tem uma ideia melhor pra esquecer Lucas?
- Como esquecerei se da minha mente não sai e no meu coração está enraizado. Me diga como farei pra esquecer teu sorriso, teu jeito, os momentos, tudo o que aconteceu entre nós e o que não ocorreu, a ilusão que me assola os sonhos e me arrebata os pensamentos... Como farei Lucas?
- Juliane, você precisa tentar, tem que viver vá buscar seus outros sonhos, crie novas expectativas, eu já disse não sou o mais indicado a dizer-te isso, mas quero vê-la bem, certo? Não se entristeça, viva, se divirta, saia, faça as coisas que você gosta, tente gostar de outras pessoas, hein? Ainda somos amigos...
O silêncio mais uma vez aconteceu entre eles e de cabeça baixa, movimentos de impaciência, o coração gritando, batendo tão forte que a fazia ofegante e algumas lágrimas caíam. Abraçou-o por um momento sem que esperasse, não solucionava sua aflição...
- Ane, largue-me um momento... Tome um pouco de água, tente acalmar-se. Vai passar, sei que é difícil e sei muito bem dos seus sentimentos revolvendo-se no seu peito e de como sozinha os tenta controlar e se estás aqui é por que realmente não suporta. Você é linda, forte e muito sincera, é uma mulher que muitos gostariam de ter ao lado, mas infelizmente conosco não deu certo.
- Muitos gostariam de ter-me ao lado? Bobagem sua. Quantos? Não vejo nenhum, não vejo ninguém querendo estar ao meu lado, muito menos esses muitos que você diz.
- Tem sim você que não os enxerga, fechou-se em um único relacionamento e machucou-se demais, abra o teu coração, tente enxergar as novas possubilidades.
- Não há possibilidades Lucas, o que houve de errado? O que eu fiz de errado? Você nunca quis tentar. E a resposta que me dás sempre tão vazia, sempre diz que não deu, me aponta qualidades e se eu tenho tantos adjetivos por que você está com ela?
- Sempre disse que gostava tanto de mim, então o que houve com você e com o que dizia sentir?
- Passou Ane, foi paixão, atração coisa de momento, mas se foi é assim, a vida é assim mas eu levo os bons momentos comigo, não houve erros.
- Passou? Tão simples assim, não me parece justo, moço.
- Não há justo nem injusto é a vida simplesmente, Ane.
- Ta bem chega eu vou indo, escutei bastante.
- Você ta morando onde Ane?
- Hoje eu moro só aqui perto, mas não tão perto, preciso pegar um ônibus.
- Bem são 12:25, acredito que não conseguirás pegar um ônibus a essa hora.
- Tudo bem eu pego um táxi.
- Certo, mas o ponto mais próximo de táxi daqui é lá na praça e tem que andar um pouco, não é justo que eu a deixe ir sozinha é arriscado e dificilmente encontrarás um táxi disponível a essa hora.
- Durma aqui mesmo, tenho dois quartos, não me importo em ceder um, na geladeira tem água, comida, se quiser fique a vontade...
- Ta bem eu aceito. Amanhã cedo eu vou embora.
- Certo, deixa eu te mostrar o quarto disponível. É este fique a vontade, a casa é tua.
- Obrigada Lucas e desculpe mais uma vez.
- Tudo bem Juliane.
- Olha mais uma coisa eu já entendi tudo, não se preocupe.
Daí todo o diálogo se encerra e até amanhacer, a visita remexe os pensamentos de Lucas por um instante se viu confuso e um pouco triste por vê-la assim e nada mais poder fazer. Mas logo, convenceu-se de que tinha realmente tomado a melhor decisão.
O dia enfim amanhece e os dois se olham pela última vez, cada um indo pro seu lado e o fim segue com apenas um abraço e um beijo e um adeus permanente.

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