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segunda-feira, 21 de março de 2011

Amável

Como és amável meu pequeno pássaro e como podes ser amável assim?
A vida é brilho e encanto além dos horizontes inalcansáveis aos olhos, incansáveis de mim
Ah! Como as paisagens do paraíso podems ser apenas deserto, devidamente disfarçado e sem fala
Sim, tu és amável, corrente marítma sem destino, onda do mar que na praia se cala

Me acalmarei analisando as estrelas perdidas da constelação-passado, num céu de algum planeta
Como a lua ao anoitecer chega, dona do céu, misteriosa, logo se vai, vencida pela nova manhã, eu vou seguindo um cometa
Por mais que eu seja raio e o trovão não abale meu firmamento
Eu ainda sinto cada gota desta tempestade inundar cada sentido, um arrepio, ainda faz frio em meio ao calor, na continuidade de todo pensamento

Tu segues tão amável a cada passo longo e tranquilo, tão perdido, seguro e sem segredos
Se espalha a nova canção no vento misturada ao aroma de flores nunca vistas, desfazendo os medos
Eu tocarei as palavras que queres ouvir num tom suave, seguindo teu ritmo, terno subsistente
Sim, amáveis sonhos, ilusões sem fim, nem início, paixão inóspita, indefectível, intermitente

Folhas nascem e renascem e frutos esperam pra serem colhidos, sem tugir, balançados pelo vento
A casa espera chaves que possam abrí-la, os olhos nem sempre podem ver e as mãos não darão o mesmo toque, mas tudo se vai num momento
Minhas letras e sílabas formam apenas poucas palavras no centro de um profundo e rápido pulsar do peito
E tu podes ser amável, muito além de cada desejo, tudo simplesmente feito, cada detalhe, és amável do teu jeito

Ana Maria

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