Incendeia-me

Incendeia-me, como a febre rapidamente toma o corpo inteiro
E o sol num dia quente de verão ferve as ruas de janeiro
Teu olhar é fogo, fogo intenso e consumidor de meus desejos tão proibidos
Sim, os mais proibidos que eu possa ter, assim, um tanto desinibidos talvez desmedidos

Incendeia-me os passos, passos estes que a cada dia atraem-me a acompanhar os teus
Brasa ardente, tuas palavras, quentes fervem a mais de 100º nos pensamentos meus
É calor que não se pode aliviar, um pouco mais de água já não pode refrescar
Fogo, fogo, fogo não cessa, incendeia-me, sim incendeia-me os sonhos, os sonhos que se tem pra sonhar

Incendeia-me na cama, na rua, na paz, na vida, mesmo com estrelas ou na lua
Já não há caminho, nem rota de fuga perfeita, onde eu vou, onde quero ir tem fogo, tem fogo na tua
Calor em teus beijos, calor no teu sorriso, na tua calma inconstante, nos teus livros, em teu laço
Incendeia-se tua casa, tuas flores, tuas rosas, tuas mãos hábeis, tuas chaves, tuas pequeninas, teu braço

Incendeia-me as palavras que tanto refino, que um pouco me dedico, que nem sempre te cantam
Tu sabes o quanto me incendeias, sabes como posso ser fogo, sim como sou fogo que em poucas faíscas se inflamam
Este incêndio ultrapassa o tempo, nem respeita a duração nem as doses de realidade aplicadas na minha veia
Sim, jamais respeitou meu louco tratamento da realidade e da razão do irreal, todo fogo consome me leva a teia

Incendeia-me sangue, paixão, sentimento, o início, o fim, fim do início, começo do final, acelerado por esse fogo vai este coração
Batidas ritmadas por este calor, sim um fogo inflama e apenas inflama intensa e calmamente e atravessa minha efêmera emoção
Deste lado da praia encontrar o paraíso é apenas o que querem as sereias, eu quero mais que um paraíso, eu quero
Incendeia-me, sim, a toda manhã enquanto espero o dia anoitecer, calor, fogo, sim, incendeia-me, fogo desconhecido, fogo forte e vermelho, o qual já espero

Ana Maria